Em Portugal, assiste-se a um gap salarial de base de 16,7% entre homens e mulheres (990,05€ e 824,99€, respetivamente). Se forem equacionadas outras componentes do salário como compensações suplementares, prémios e benefícios, a injustiça é ainda maior, com uma diferença na ordem dos 19,9% (1207,76€ vs 966,85€) (CIG, 2017). É evidente a associação entre este diferencial e os níveis de qualificação, verificando-se que quanto maior o nível de qualificação, maior é o diferencial salarial. De acordo com dados do EUROSTAT (2017), em 2016, entre o pessoal menos qualificado, as mulheres ganharam 95,1% da remuneração base e 92,0% do ganho médio mensal dos homens. Entre os chamados “quadros superiores”, as diferenças foram ainda maiores, constatando-se que a remuneração média mensal de base das mulheres representava 73,6% da remuneração dos homens, enquanto o ganho representava 72,1% face à média dos homens (CITE, 2020). Quando comparados os dados portugueses com os europeus, percebe-se que as disparidades nacionais são superiores. Em 2015, na União Europeia (UE 28), as mulheres ganhavam, em média, 16,3% menos do que os homens; já em Portugal, essa diferença era de 17,8%. Inclusivamente, essa diferença aumentou 2,9 pontos percentuais relativamente ao ano anterior (CIG, 2017). Apesar dos avanços realizados nas últimas décadas, Portugal continua sendo um país onde a desigualdade salarial entre homens e mulheres é muito evidente, havendo ainda um longo caminho de luta e procura de justiça a percorrer a este nível.